domingo, 24 de outubro de 2010

Estado quer R$ 1,4 bilhão para corredor exclusivo para ônibus

18/8/2010 - A Gazeta

Ao todo, 47 municípios – incluindo os da Grande Vitória – devem concorrer com projetos de corredor exclusivo para ônibus.

Cerca de R$ 1,4 bilhão. Esse é o valor de que o Estado precisa para realizar várias obras que têm como objetivo melhorar o trânsito. Uma das mais importantes é a do corredor exclusivo para ônibus – o BRT (Bus Rapid Transit). A primeira etapa desse projeto – assim como outras obras no entorno das regiões beneficiadas pelo BRT – já foi apresentada ao governo federal. As propostas serão analisadas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade. 

Ao todo, 47 municípios – incluindo os da Grande Vitória – devem concorrer com projetos de corredor exclusivo para ônibus aos R$ 18 bilhões que o governo federal reservou para os investimentos em mobilidade. “Estamos confiantes em conseguir parte do financiamento”, relata a subsecretária estadual de Mobilidade Urbana, Luciene Becacici. 

Projetos - Segundo ela, foi entregue uma síntese do que seria a primeira etapa do corredor exclusivo no Estado: serão 52 quilômetros de corredores ligando os terminais rodoviários de Serra, Vitória, Cariacica e Vila Velha pelas vias de maior fluxo, além de projetos auxiliares, como a construção do túnel no Morro da Ilha de Santa Maria, ligando o final da Avenida César Hilal e com a Avenida Vitória, na altura do Colégio Salesiano. 

“O R$ 1,4 bilhão é para o corredor exclusivo e para demais ações que melhorem o tráfego nos locais que vão receber o BRT. Com o túnel, por exemplo, transformamos a César Hilal numa via de apoio para a Avenida Vitória”, comenta. 

Luciene Becacici acredita que, nos próximos três meses, o governo federal deve pedir novas diretrizes do projeto para ser aprovado ou não o repasse de verba. “Estamos otimistas”, diz a subsecretária. 

Vitória não descarta metrô - A cada nova discussão sobre transporte público, o sonho de Vitória de conseguir implantar o Veículo Leve sobre Trilho (VLT) fica mais distante. Dados apresentados pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) durante o Seminário Nacional da NTU, realizado ontem e hoje em Brasília, indicam que a implantação de um quilômetro de corredor exclusivo para ônibus custaria de US$ 5 milhões a US$ 12 milhões, bem mais barato do custo calculado para a instalação do VLT: de US$ 30 milhões a R$ 50 milhões. 

Apesar disso, a Prefeitura de Vitória ainda não desistiu completamente do projeto de implantação do Veículo Leve sobre Trilho. O secretário municipal de Transporte e Infraestrutura, Fábio Damasceno, acredita que o VLT pode ser um modelo usado com o corredor exclusivo, num sistema complementar de transporte. “Talvez, em dez anos, seja necessário começar a adaptar o sistema para o VLT.” 

Damasceno afirma que o fato de a tecnologia do corredor exclusivo ser toda brasileira favorece a instalação desse sistema. “Os ônibus são daqui; o modelo usado como exemplo, também. É mais fácil e mais barato adotar o serviço”, diz. 

Além disso, segundo o secretário, o corredor exclusivo já é um projeto adotado pelo governo estadual e apoiado pelas cidades da Região Metropolitana. “É um projeto de interesse de todos. Mas isso não significa que o VLT não seja usado no futuro”, frisa. 

O repórter viajou a convite da Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes) 

Análise - O corredor é a melhor opção para o Brasil Wagner Colombini - Presidente da Logit Engenharia Consultiva, especialista em Mobilidade Urbana A implementação do corredor exclusivo para ônibus (BRT) é a melhor opção para a realidade brasileira. Além do país ser responsável pela tecnologia e referência mundial, o que diretamente interfere no custo final de implantação do serviço, é um modelo mais rápido de ser construído e adaptado ao transporte adotado no Brasil hoje. Em Vitória e nas cidades vizinhas, o corredor seria ideal. De custo muito menor, sairia a US$ 5 milhões, em média, o quilômetro construído; contra US$ 25 milhões a US$ 30 milhões no caso do Veículo Leve sobre Trilho, e de US$ 100 milhões no do metrô. Mas antes se deve ter atenção, principalmente, a três pontos: definir corretamente a estrutura do transporte, com percurso e demanda; encaixar o novo modelo de transporte dentro do já existente para reduzir o número de desapropriações, e desenvolver um projeto bonito e de qualidade, atrativo ao passageiro. 

Raio-X do BRT - O que é. O Bus Rapid Traffic (BRT), mais conhecido como corredor exclusivo para ônibus, tende a priorizar o transporte coletivo em relação ao individual. A intenção é separar, em vias de maior fluxo, uma ou mais faixas apenas para os ônibus a fim de oferecer mais agilidade e pontualidade ao transporte coletivo 

Passageiros. Conta com ônibus modernos, rápidos e pontuais. Para isso, o sistema contará com rastreamento por GPS e imagens de videomonitoramento. Os passageiros embarcam em terminais e plataformas de mesmo nível da entrada dos ônibus. As passagens são compradas nesses pontos 

Vias. Na Grande Vitória, o projeto será implantado em três etapas, com a primeira ligando parte da Serra às cidades de Vila Velha e Cariacica, passando por Vitória, pela Reta da Penha (foto), por exemplo. Essa fase é composta por 52km de vias, interligando os terminais de Laranjeiras, Jacaraípe, Itacibá, Campo Grande, Vila Velha e Ibes 

Capacidade. O sistema é capaz de transportar até 40 mil passageiros por hora, por sentido 

Transporte mais pontual e rápido em Bogotá - Em dez anos de funcionamento, o sistema de corredor exclusivo para ônibus implantado em Bogotá, na Colômbia, reduziu em 20 minutos o tempo médio de uma viagem de ônibus na cidade. Além disso, a Transmilênio – como é chamado – registrou queda de 80% no número de acidentes de trânsito e pontualidade em 95% das viagens. “Cerca de 35% a 40% dos passageiros têm veículo próprio ou condições financeiras para comprar um, mas prefere usar o BRT”, explica Arturo Fernando Rojas, da Transmilênio S.A.

Por A Gazeta - ES









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